sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Os dias tem passado.As horas tem sido contadas.As ondas ainda surgem naquele mar.As risadas ainda aparecem.Os suspiros ainda são apaixonados.Os passos ainda são reais,um pé de cada vez...As conversas desapareceram.A sua voz sumiu do que um dia me fez exasperada.Seu rosto virou um rascunho,borrado,irreconhecivel.Seus olhos são de um estranho.Sua risada de um desconhecido.Suas expressões de uma época perdida...Meus sentimentos ainda me confundem.O peso no peito ainda me pertence.Meu coração ainda esta jogando.Aquele medo antigo ainda não evaporou.A saudade ainda existe.Você ainda não me some de vista.As memórias ainda são meu passado,minha história.E toda vez que digo adeus,você volta de alguma forma.Sem pedir,sem avisar.E me encontro cercada,por entre momentos e sentimentos que andam em vai-e-vem.Eu fico confusa,eu fico assustada,eu grito em silêncio,choro em seco,eu brigo para manter o controle,eu luto comigo mesma,numa batalha ja perdida...O tempo passa tão rápido.Tem passado tão rapido.E pensar no que está por vir,me relembra aquela velha insegurança,escondida no escuro de um segredo.Meus olhos me distraem do que realmente deveria importar.Os sons tapam meus ouvidos ao que deveria entender.O murmurro constante cobre as palavras que minha boca deveria dizer.E não poder escolher o que sentir me frustra.Esqueço do que importa.Assisto aquele filme,onde o beijo me traz frio na barriga.E os contos de fadas se recriam.Contos que precisam ir embora,mas sempre de alguma forma,fazem o caminho de volta.Porque tudo, sempre,no final,por mais que me esforce,me faz voltar ao começo.Me faz voltar a você. E isso,só o tempo pode mudar.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Estava sentada naquele banco todo rabiscado de marcas e palavras antigas.O livro na mão,era folheado,página após página.E por mais atraente que aparentasse a cada capítulo,cada novo acontecimento, não era nisso que prestava atenção.Era a sua volta.Crianças correndo atrás de seus pais,ou brincando de boneca enquanto esperavam o tempo passar.Pessoas andando de um lado para o outro,algumas apressadas,outras somente aproveitando o momento.O lugar.Aquele lugar enorme,que a fazia parecer tão pequena.Sentada naquele banco,no centro,onde tudo o que ocorria,passava por seus olhos.De onde era possível beber cada acontecimento,que brincava até o alcance de sua vista.Fazia tudo parecer um filme.Os barulhos se misturavam aos passos e as vozes que vinham de todos os lugares,embaralhando-se com a música que era tocada.Como uma trilha sonora.
As horas vinham passando desde que havia chegado,com o livro a mão,furiosamente,perdendo-se na multidão de histórias,naquele velho banco,naquele mesmo aeroporto.Havia algo naquele lugar que a memorizava,a deslumbrava.Em cada canto,uma história havia acontecido,ou esperava acontecer.Despedidas,reencontros,e de repente,os minutos pareciam ser contados em camera lenta.Os olhos castanhos encaravam os sorrisos que se formavam em cada rosto estranho,ou a lágrima que caia em cada abraço doloroso.E aquele olhar de menina voltava a ser seu.O jeito sonhador de criança que acreditava poder fazer qualquer coisa,voltava a fazer parte do que uma vez esteve perdido.
Porque simplesmente não importava mais o que aquilo seria considerado pelos outros.O filme era passado diante dela,de uma forma que só podia ser entendida por ela.Um conto de fadas contado por seus olhos,seu coração,sua criança.Os clichês desapareciam a cada beijo que acontecia diante dela,a cada adeus.
E então eram somente os contos que tomavam todo o tempo que pedia.As risadas que a levavam a infância tão doce,inocente.E ela,uma garota,descansando do interminável jogo de pega-pega que a exaustava sem nem mesmo perceber...Simplesmente porque não havia explicação.As horas finalmente acalmavam.Eram finalmente uma escolha.Crescer,era finalmente uma opção que naquele lugar,acontecia vagarosamente,sem pressa.Ser quem realmente era,sozinha,de um jeito só seu...E só isso,nada mais.Não importava mais se estava sentindo-se pressionada,ou se estava cansada de coisas que nem fazia idéia.Lá dentro,era somente ela,e as histórias que a faziam continuar acreditando no que fora dali,era impossível.Sonhar.