Nunca não vai me mesmorizar essa coisa incrível, assustadora e fascinante que é a capacidade da música te recolocar num exato momento da sua vida. Uma música, num determinado momento da sua vida, tocou todas as suas notas melódicas e, de alguma forma, correu por todo o seu corpo como se estivesse dentro dele, alcançando cada pedaço seu e, ao terminar, deixou um pedaço dela ali. Como se, de repente, aquela música ganhasse vida em você. E toda vez que é tocada, não importa quanto tempo passe, aquele pedaço que ficou em você acorda, e tudo o que você sentiu na primeira vez em que aquela harmonia encontrou seu corpo, acorda também. O gosto daquele momento, daquela memória, se faz fresco em você mais uma vez.
Isso é o que sempre mais me encantou na música - o modo como ela possui a capacidade de entrar em você e fazer você se encontrar numa completa bolha, abandonando e largando tudo o que estava fazendo ou pensando, onde só vive você, aquela melodia e aquele sentimento. Como se, de repente, sua alma ganhasse forma. Como se, ao fechar os olhos, toda a harmonia se combinasse com os movimentos do seu corpo, a batida do seu coração, o decorrer do sangue nas suas veias e você se tornasse uma sinfonia de notas.
A música, na minha vida, sempre foi me perder nela, dentro dela, fora dela, ao longo dela, ao redor dela, nos restos dela e em todas as suas formas e possibilidades.
Me perder na música, sempre significou cravar um momento em mim. E, uma vez cravado, me perder na música, significou recordar.
Hoje eu ouvi aquela música, moço, e lembrei de você.
2 comentários:
esse texto, é verdade
loved the post
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