quinta-feira, 25 de abril de 2013
A verdade é que esquecer alguém não é impossível. O tempo vai afastando tudo aquilo que tornava aquela pessoa reconhecível para você.
Você esquece de como o final da boca dela subia um pouco mais no final, quando ria.
Você esquece a careta típica depois de uma piada.
Esquece como quando ia falar determinada palavra, tinha um jeito diferente de pronuncia-la.
Esquece como a sombrancelha se arqueava quando queria flertar com você ou quando queria tirar sarro.
Esquece o som da risada.
Aos poucos, vai esquecendo a voz.
O que fica é um sopro de memória. Aquilo que você tão insistentemente ainda tenta guardar, para não perder tudo o que ela foi, de uma vez. Mas o tempo se faz de vento. Vai levando os restos daquele sopro, cada vez que passa, até não ter mais nada dele. Até não ter mais nada do que um dia se fez parte sua.
E então, quando você finalmente vê uma foto, passa minutos observando um rosto que já lhe foi tão familiar. E tudo é infamiliar. Infamiliar a ponto de lhe deixar desconfortável; constrangida. Se perguntando quando deixou cada pedaço daquela pessoa se desfazer em você, até não haver mais forma de reencaixa-los.
Até se tornar tão irreconhecível.
A verdade é que esquecer alguém não é tão complicado.
A dor é desconhecer.
A dor maior vai sempre ser desconhecer.
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