quinta-feira, 27 de junho de 2013

E a gente finge não se conhecer.
Fingimos que nunca passamos a madrugada conversando.
Fingimos que nunca falamos sobre planos e vontades.
Fingimos que nunca idolatramos um músico juntos e nunca fizemos melodia ao mesmo tempo.
Fingimos que nunca tivemos uma só memória com o outro.
Fingimos até não ter mais o que fingir; até não ter mais o que lembrar.

O tempo se faz de cura, mas ele também castiga.
Ele passa e faz você encontrar quem a tanto tempo fingia nunca ter conhecido. E te faz se questionar se foi tempo o suficiente para seguir conforme a vida te leva. E então, você tem que fingir com aquela pessoa ali, bem do seu lado.
E ela finge junto.
E juntas, vocês fingem uma última vez, a última memória que terão um do outro. Ou seria a única memória de dois estranhos?
A gente se olha e finge que não se conhece. Que nunca se conheceu.
Só dois estranhos passando pelo mesmo lugar, nesse mesmo tempo.
E a gente olha para baixo e segue andando, segue fingindo.
Porque, o que é o passar do tempo, se não te ensinar a fingir mais?

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