terça-feira, 11 de novembro de 2008

Estava sentada naquele banco todo rabiscado de marcas e palavras antigas.O livro na mão,era folheado,página após página.E por mais atraente que aparentasse a cada capítulo,cada novo acontecimento, não era nisso que prestava atenção.Era a sua volta.Crianças correndo atrás de seus pais,ou brincando de boneca enquanto esperavam o tempo passar.Pessoas andando de um lado para o outro,algumas apressadas,outras somente aproveitando o momento.O lugar.Aquele lugar enorme,que a fazia parecer tão pequena.Sentada naquele banco,no centro,onde tudo o que ocorria,passava por seus olhos.De onde era possível beber cada acontecimento,que brincava até o alcance de sua vista.Fazia tudo parecer um filme.Os barulhos se misturavam aos passos e as vozes que vinham de todos os lugares,embaralhando-se com a música que era tocada.Como uma trilha sonora.
As horas vinham passando desde que havia chegado,com o livro a mão,furiosamente,perdendo-se na multidão de histórias,naquele velho banco,naquele mesmo aeroporto.Havia algo naquele lugar que a memorizava,a deslumbrava.Em cada canto,uma história havia acontecido,ou esperava acontecer.Despedidas,reencontros,e de repente,os minutos pareciam ser contados em camera lenta.Os olhos castanhos encaravam os sorrisos que se formavam em cada rosto estranho,ou a lágrima que caia em cada abraço doloroso.E aquele olhar de menina voltava a ser seu.O jeito sonhador de criança que acreditava poder fazer qualquer coisa,voltava a fazer parte do que uma vez esteve perdido.
Porque simplesmente não importava mais o que aquilo seria considerado pelos outros.O filme era passado diante dela,de uma forma que só podia ser entendida por ela.Um conto de fadas contado por seus olhos,seu coração,sua criança.Os clichês desapareciam a cada beijo que acontecia diante dela,a cada adeus.
E então eram somente os contos que tomavam todo o tempo que pedia.As risadas que a levavam a infância tão doce,inocente.E ela,uma garota,descansando do interminável jogo de pega-pega que a exaustava sem nem mesmo perceber...Simplesmente porque não havia explicação.As horas finalmente acalmavam.Eram finalmente uma escolha.Crescer,era finalmente uma opção que naquele lugar,acontecia vagarosamente,sem pressa.Ser quem realmente era,sozinha,de um jeito só seu...E só isso,nada mais.Não importava mais se estava sentindo-se pressionada,ou se estava cansada de coisas que nem fazia idéia.Lá dentro,era somente ela,e as histórias que a faziam continuar acreditando no que fora dali,era impossível.Sonhar.

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