terça-feira, 31 de março de 2009

Some kind of Hero

Eu não faço idéia, de muitas coisas.Nada importante em particular,e ao mesmo tempo, tudo.Eu não sei definir quem eu sou.
Eu sei que cresci entre duas cidades,e com isso,entre duas realidades.Eu sei das dificuldades que passei e dos segredos que guardo somente para mim.Eu sei das histórias que vivi,e das decepções que descobri serem incapazes de não existirem.
A definição que fazemos de nós mesmos,não são as mesmas vistas por quem esta a nossa volta.
Eu não sei definir quem sou como amiga,como garota,como filha.Nem se as coisas que faço são suficientes.Pretendo passar a vida tentando descobrir.
Eu sei dos sonhos que carrego.Das expectativas,e das desilusões.
Eu sei de onde vim,e disso me orgulho todos os dias.
Eu sei da luta de meus pais,e como minha história fez hoje,a pessoa que sou,seja boa ou ruim.
Sendo bolsista de uma escola,em que,grande parte das pessoas sempre tiveram do bom e do melhor sem se preocupar como seria o dia seguinte,foi como assisti o que era ter dinheiro.Vendo minha família labutar pelo mínimo, foi como vivi, o que era não ter.
Uma das razões pela qual não reclamo do que nunca tive ou pude ter.Por mais difíceis que as coisas estivessem,eu sempre tive uma família.Completa.Com direito a tio vestido de papai-noel,e aniversário comemorado só com um bolo de fubá feito por minha mãe,e somente com meus tios e meus dois primos presentes.Sempre bastou para mim.Muito mais do que isso,eu sempre adorei cada um desses momentos.
Quando se cresce com esses valores,aprendemos a ver a sorte que demos na vida.Não importa se nunca tive uma lancheira.Nem se nunca pude ter um daqueles balões que flutuam.
Eu ainda tive um pai,que por mais tarde que chegasse,sempre contava uma histórinha,inventada,com duas personagens feitas para mim e minha irmã.Carobitina e Gioconda.
Eu ainda tive um tio que me levava para passear e me ensinava coisas erradas.
Eu ainda tive um primo,uma prima e uma irmã,em que juntos,eramos vistos como 'o quarteto'.Sempre juntos,nunca separados.
Eu ainda tive uma mãe que sentava de noite,para me ensinar matemática e até para falar sobre garotos.
Eu sempre tive uma família.
Então,não me importa se meu pai não fez faculdade,ou se ele é filho de um pintor.
Nem me importa se meu avô não fez sempre as melhores escolhas.Ele ainda foi um homem incrível.
Não me importa se sou filha de um faxineiro ou de um empresário.
Não me importa como minha família é vista aos olhos de outros.Nem se nossa história se diferencia da maioria.
O que eu sei,é que espero me tornar,como a pessoa que ainda não sei definir,pelo menos um pouco do que eles são.Ter a garra e a força de vontade,que eles sempre tiveram.
Eu sei que tudo isso pode ser confuso.Ou não fazer o menor sentido.
É que,se hoje, for para agradecer alguém por qualquer coisa,são a eles a quem agradeço.
Pelas histórias contadas,pelos churrascos inesquecíveis,pela constante lição de vida que me dão todo dia,sem nem mesmo perceberem.Pela forma como encontraram nas dificuldades,um jeito de se tornarem mais unidos e poderem dar forma ao conceito de família.Pelo menos a que eu tenho.Por quem são,e quem me fizeram ser.
Só isso...obrigado.Quem quer que eu me torne,eu sei que agora,eu sou uma garota de sorte.
Então obrigado.

domingo, 15 de março de 2009

Quando eu tinha 3 ou 4 anos,houve um acidente.Um do qual,não me lembro de praticamente nada.Entretanto,os minutos em que esperei minha mãe voltar com minha irmã,de na época 1 ano,são uma das lembranças mais vivas que tenho comigo.Quando tinha 5 anos,faltei uma semana inteira na escola,após ir as pressas a cidade natal de meus pais,porque meu avô não estava bem.Dos flashbacks que tenho,ele na cadeira de rodas ao lado de meu pai,sorrindo e dizendo tchau,é uma imagem que nunca esqueci.Com meus 8 anos, vi meu pai tendo que fazer uma cirurgia na perna por conta de ligamentos.As duas noites em que não esteve em casa,foram as em que mais senti saudades dele.O dia em que encontrei minha mãe chorando por conta de mais um problema que parecia não ter fim,e em que ela me abraçou apertado,por não saber mais o que fazer,foi um dos dias mais estranhos que vivi.Tinha 7 anos.Aos 12 anos,o que eu senti ao ouvir garotas que jurava serem minhas amigas,me chamarem de gorda e falarem coisas que nem merecem serem repetidas, sobre minha mãe,minha família,minha história,foi um dos dias mais decepcionantes que tive.Dentre todas as coisas que ja me aconteceram,os minutos que minha mãe passou, falando com minha tia,minha madrinha,minha segunda mãe,esta semana no telefone,foram os mais lentos de toda a minha vida.A dor de um amor perdido não passou nem perto do que senti no momento.
Eu não sei definir medo.Também não sei definir força.
Ler o significado de uma palavra em um dicionário não torna ninguém sábio.Você pode ler aquilo,milhares de vezes,e ter decorado.Não significa que você saiba o que é.As palavras não vão trazer a sensação até você.A vida vai.
E quando você menos espera, tudo começa a acontecer ao mesmo tempo.Dizem que a vida é cheia de surpresas.Você não acredita até conhece-las de perto.
Porque de repente, parece que sua cabeça esta girando.Com a pressão,com a possibilidade de nunca mais ver aquela prima,com o que a sua madrinha pode ter,com o que significa se ela realmente tiver,com o que você vai falar para o primo que você considera irmão a próxima vez que se encontrarem,com o que fazer com os gritos,com os choros,com as brigas,com tudo.
E então você começa a correr,tentando acompanhar aquele ritmo.O mais rapido que pode.Não importa mais se esta cansada.Nem se quer parar.Porque não é uma questão de querer.
É como se a vida estivesse dizendo:
- Começa aqui.Começa agora.E então,o que vai ser?
E fosse a sua hora,de entender,o que medo,e força,realmente significam.
Você segue em frente.
A partir daqui,a estrada é você.
"...I run after her,not really giving chase. I'm running because I can,because I must. Because I want to see how far I can go before I have to stop."

quarta-feira, 11 de março de 2009

O que poderia ter sido.

Falava frente a toda a classe,durante a apresentação de um trabalho qualquer.E enquanto eu assistia,sentada,um pensamento me passou na cabeça.Eu não fazia idéia de quem ela era.Quero dizer,sabia seu nome e o tempo que havia estudado naquela escola.Sabia que havia sido solitária,e que provavelmente ainda era.Sabia do esforço que ela tinha tido,para fazer amizades.Das decepções que provavelmente viveu por conta disso.Mais eu não fazia idéia da pessoa que ela era.Não sabia dos problemas que havia passado,ou das dores que havia sentido.E o pior,é que eu nunca fiz esforço algum para conhece-la.Eu nunca parei no meio do corredor para perguntar como havia sido seu fim de semana.Eu nunca lhe perguntei como estava,se precisava de algo.Se precisava de ajuda.E eu podia ter feito isso.Eu podia ter sido a amiga que ela precisava.Eu podia ter tornado aqueles anos algo menos horrivel.Uma memória menos triste.Mas não o fiz.E me sentia uma pessoa terrível por isso.
Não me custava nada.Não me custava nada te-la apresentado a outras pessoas.Não me custava nada ter mostrado estar ao seu lado,porque ela precisava.Ela necessitava.E eu não estive lá.Em momento algum.Eu podia ter sido aquela com quem fosse possível contar.Aquela a defende-la dos bullies que provavelmente sofreu.E eu não fui.
Ela só precisava de alguém,de uma chance.E eu podia ter dado.Mas não o fiz.E não sei se houve alguém que o fez,ou tentou fazer.Tudo o que eu sei,é o que eu poderia ter feito e não fiz.E o que poderia ter sido e não foi.
Porque eu fiz isso?Porque eu não fui aquela a acreditar no potencial de uma menina que só precisava de uma ajuda?E porque eu me sinto tão culpada em relação a isso?Porque?
Eu devia ter feito algo,qualquer coisa...e agora é tarde demais.

sábado, 7 de março de 2009

The story of my life.

- Porque as coisas ficam tão confusas com o que um dia eu achei tão insignificante?O que a gente faz a partir daqui?
Os olhos dela traziam o mundo nas costas.As palavras que disse repetiam o mesmo, que ela própria havia dito um dia.
-Existe uma garota.Uma,que me fez essa mesma pergunta já à algum tempo.Dizia que existiam formas de ver a realidade,de descobri-la.Mas para si mesma,não conseguia encontrar uma.Não importava o quanto procurasse as respostas,as dúvidas cresciam junto com ela.Era engraçado tentar conhece-la.Quando era pequena,os contos no pé da cama contados pelo pai,eram seus sonhos.E os "felizes para sempre",só uma consequência.Os anos passaram.Junto com eles,as mudanças foram inevitáveis.Era incrível como o humor dela,era movido por música.Como uma única música,podia faze-la outra.Ou o modo que podia ser irritante o quanto ela colocava os outros em primeiro lugar,sempre.Você conseguia entender o que ela gostaria de dizer,somente olhando em seus olhos.Acreditava que o silêncio era sinal de força.Somente para ela...Você precisa entender uma coisa, nós só somos humanos.Nós todos estamos cheios de problemas,de defeitos.Nos apaixonamos pela pessoa errada pelo menos uma vez.Fazemos a escolha errada pelo menos uma vez.Mas também só vivemos uma única vez.É necessário focar nos momentos bons,de risadas.Porque, por mais que não percebamos,são nessas simplicidades que encontramos o que procuramos.São nessas simplicidades que descobrimos os amigos de verdade que estarão do nosso lado a cada passo,cada escolha.Porque só quando testados é que descobrimos quem realmente somos,e só quando testados descobrimos quem podemos ser.Aquela menina cresceu,o tempo passou,e os dias a fizeram mulher.Das dificuldades surgiu uma força que ela desconhecia.Das surpresas,descobriu uma garra que a trouxe para a realidade.Sua realidade.E a partir dai,se moudou como a pessoa que desejava ser.E não a que os outros esperavam que fosse.
-Porque você me conta isso?O que é isso?
No sorriso fraco,a resposta veio em sussurro,num fio de voz
- A história da minha vida...É preciso saber,que nunca haverá um aviso do que está para acontecer,ou a razão de estar acontecendo.A vida não explica,ela acontece.O que fazemos a partir dai?Vivemos.