sábado, 30 de maio de 2009

D.,
Antes de começar eu preciso dizer que tenho quase certeza de que amanhã, quando acordar, eu vou provavelmente me achar uma idiota por escrever isso num lapso enorme de sono. E mais ainda por ser num 'lugar público'.
Eu também não vou poupar palavras. Eu não vou ser educada, nem medir o que estou falando, então entenderei se já quiser parar de ler.
Isso já está ficando velho. Mesmo. E eu não sei porque vou tocar nesse assunto de novo, mais aqui estou eu pronta para começar a falar, sabendo que quando chegar a manhã eu vou culpar o sono, mesmo sabendo que essa não é a verdade. Nunca foi.
Por onde começar?
Eu te escrevi três cartas. E eu poderia mencionar o sono de novo, mas isso não seria certo, porque não seria a realidade. Eu estava magoada quando as escrevi. E ao mesmo tempo em que as escrevi para você, eu na verdade as escrevi para mim. Para aliviar a dor que eu estava sentindo. E que ainda sinto de vez em quando.
Já fazem 3 anos. 1/2 apaixonada por você e o resto...bom, o resto tentando te esquecer de verdade. Você disse para sempre. Você disse para sempre, e você mentiu. (Sabe o que é engraçado? Enquanto eu escrevo isso, estou pensando nos meus amigos, e no que eles vão achar de tudo isso. Eu estou medindo minhas palavras, coisa que disse que não faria, porque imagino meus amigos lendo isso e pensando/dizendo "De novo?") E eu acreditei. É como se isso fosse um padrão, o clichê. Um cara te diz algo e você...você simplesmente acredita, porque quando você repete as mesmas palavras, você as repete de verdade. Porque é exatamente o que você sente. E porque você esquece naquele momento, que é só um cara. E eu cometi esse erro. Eu esqueci que era só você.
Uma pessoa normal provavelmente veria nossa 'história' como uma coisa comum e os meus sentimentos como uma coisa 'passageira'. Não foi tanto tempo assim. E não deveria significar tanto assim. Mas por alguma razão e de alguma forma você me marcou. A nossa amizade me marcou.
Ainda não passou tudo sabe? Ainda dói. O jeito como você simplesmente foi embora sem problema algum em só olhar para a frente e nunca para trás. A forma como eu percebi que na verdade, a minha amizade não significava nada para você. E como eu me apaixonei pelo meu melhor amigo, desde os 8 anos, no dia em que ele desapareceu. Não o garoto de agora. Eu detesto o garoto que você é hoje. Mas o garoto que você foi um dia nunca sumiu da minha cabeça. E quando eu ouço seu nome, é naquele garoto que eu penso. O garoto que me escreveu uma carta em um aniversario e leu na frente de todo mundo. O garoto que me abraçou e disse que ia ficar tudo bem. O garoto que me contou segredos e com quem eu conversava por horas. Porque você era incrível. Você era aquele alguém que quando as pessoas olhavam, elas diziam "Faltam pessoas assim perto da gente." E hoje ao olhar para você é "Ah, deve ser o popular da escola."
Você está orgulhoso? Em ter me machucado sem medo algum quando eu não fiz nada a não ser, ser sua amiga? Foi algum tipo de aposta? Gozação? Motivo de risada? Porque se foi, Parabéns, você conseguiu completar a sua missão sem erros. Deixou para trás uma garota destruída, e que teve que se esforçar para cicatrizar.
Me diz uma coisa, o que você sente quando se olha no espelho? É realmente quem você queria ser? É realmente quem você se via ser no futuro? Você devia sentir vergonha em ter se tornado tão...não você. Tão o que os outros queriam, e que achavam que você deveria ser. Tão uma réplica de um badboy de um filme popular americano.
Aliás, qual o seu problema em chamar minha atenção? Chega a ser irônico, sério. Parece que você tem uma máquina que apita toda vez que eu estou 100% não você, ou quando eu estou mal por culpa sua. Eu perdi a conta, do número de vezes em que eu começava a te esquecer de vez e você decidia que era um bom dia para conversar comigo. Ou quando eu fiquei sabendo que você estava com alguém e eu não queria te ver na frente e, além de te encontrar em todo canto, seu computador resolveu ser burro.
Eu cansei. Cansei de ouvir uma música e lembrar de você, de te procurar com os olhos e de sentir saudades. E principalmente, eu cansei de dizer que eu cansei.
Você começou como colega, virou o melhor amigo e se tornou paixão. E é como se eu tivesse assistido tudo isso dos bastidores. É como se eu estivesse passando os canais da TV e parasse em um bobinho mas que me deixou curiosa, e deixasse ali, só para ver como iria terminar.
Chegou a ser ridículo. Como eu não tinha controle algum quando você estava por perto. E como eu senti algo que não tem como colocar em palavras quando soube que você tinha alguém, e eu não. Eu não vou mentir, doeu. Doeu porque para mim foi só você por 2 anos, e vamos analisar, com a idade que nós temos, esse tempo é enorme. Doeu porque te esquecer foi dificil demais, e eu esperava poder encontrar alguém antes, só para me dar uma idéia diferente do que é o amor. Doeu porque eu não queria ver aquilo, nem ouvir aquilo. Doeu porque eu não tive a escolha de dizer não, eu tive que aceitar e ponto.
Enquanto você vive o seu 'felizes para sempre' eu vou procurar o meu, com as imperfeições que eu sei que terão.
E não existe outra forma de terminar essa carta a não ser com um definitivo adeus. Está na hora de pensar em mim e ser egoísta. Esta na hora de seguir em frente e te deixar no passado. Você será aquela história escondida, e talvez mal terminada em que eu não mexerei e que deixarei encostada para nunca olhar de novo. Eu já olhei demais para trás, e agora eu preciso olhar para frente. Sem espiar.
Antes de terminar eu só preciso dizer mais uma coisa.
Eu te amei. Muito. Mesmo. E não deixe isso subir sua cabeça, porque você será aquele primeiro amor esquecido. A história que você traçou e rabiscou, eu agora escrevo o final. Esse é o meu final.
Adeus.

C.


domingo, 24 de maio de 2009

Eu acho ridículo. Mais do que ridículo eu acho patético. Eu acho muitas coisas na verdade.
Eles não deviam ter esse direito, nem essa capacidade. Eles não deviam saber como criar essa fantasia na sua cabeça e depois simplesmente irem embora. Como se não houvesse dificuldade alguma nisso. Como se eles não sentissem nada e como se não tivesse tido significado algum. Eles não deviam dizer tchau e serem capazes de andarem para frente sem nunca olharem para trás. Eles deviam sentir dor ou pelo menos remorso. Deviam sentir vergonha das promessas que fizeram e que foram ditas só como um jogo que de repente perdeu a graça e o sentido. Deviam agir como pessoas.
É sempre assim. Eles escrevem a história perfeita e quando se cansam simplesmente a esquecem. Desistem, seguem adiante sem problema algum. E o que fica para trás é a garota que acreditou nas promessas e nas conversas. E é ela, quem acaba machucada, e cheia de cicatrizes. É ela que acaba com a dor de algo perdido e a idéia de ser uma ingênua burra.
É tão fácil para eles. Eles chegam, fazem a garota se apaixonar e então vão embora quando enjoam. Não ligam para aquela pequena palavra chamada sentimento, nem as conseqüências de seus atos.
A verdade? A verdade é que no final eles todos são egoístas.
A verdade é que no final, eles sempre fogem.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Era tão branco. Tão limpo. Tão sem vida.
Num lugar que fazia do impossível possível, e que criava a sensação de esperança e medo 24 horas por dia não seria o certo sentir conforto? Pelo menos uma última vez? Poder olhar a sua volta e ter vontade de lutar?
As vozes não paravam se sussurrar " A verdade é que quando você olhar a sua volta, não são paredes que você deseja ver. Não é branco. Não são máquinas. São rostos. E a certeza de que lutar vai valer a pena afinal."
Eram aparelhos em todos os lugares. Eram pacientes sendo levados em frente a sua sala de um lado para o outro. Eram emergências, eram pessoas correndo, pessoas chorando, gritando.
E a única coisa em que conseguia pensar era "Eu ainda tenho tanto a dizer. Tanto." E a partir daí todas as luzes se apagaram e ficou escuro.
. . .
Não era para terminar assim. Não era para você assistir a tentativa de darem a ela uma segunda chance. Você não deveria estar implorando que dessem a ela uma segunda chance. Você não deveria estar chorando, encostado na parede, imóvel.
Você não deveria estar olhando a sua volta vendo o desespero, as tentativas, nada.
Você não deveria ouvir as vozes te sussurrando o medo que você sente, e a vontade de sumir, de ficar pequeno, invisível.
Você tinha planos. Vocês, tinham planos. E olhando para ela agora, só uma coisa passava pela sua mente "Eu ainda tenho tanto a te dizer."
. . .
Ele havia tirado alguém da frente de um ônibus. Ele havia salvado alguém.
Ele estava indo visitar a mãe, ele estava indo dizer adeus. E ele agora estava naquela mesa, sendo operado, e tentando lutar para sobreviver. Para ter a chance de dizer adeus.
Ele sempre esteve lá. Ele foi o melhor amigo, ele foi o segredo, ele foi aquele que sempre segurou a mão de todos e os ajudou a levantar. E agora, ela estava segurando a mão dele. Pedindo para que esse não fosse o fim. Que o final não fosse esse. Não o dele.
"Você não vai a lugar algum". Todos naquela sala repetiam isso minuto a minuto, como se estivessem dizendo que ainda havia chance, que ele podia continuar tentando.
Ele sempre esteve lá. E agora, segurando sua mão, ela só conseguia pensar em uma coisa:
"Eu deixei de dizer tanta coisa."
. . .
"Did you say it? I love you. I don't ever want to live without you. You changed my life. Did you say it? Make a plan, set a goal, work for it. But every now and then look around. Drink it in. Cause...This is it. It might all be gone tomorrow."

Música: Off I Go - Greg Laswell

sábado, 9 de maio de 2009

Na verdade eu não sei como ou por onde começar. Eu nunca fui muito bom em dizer adeus.
É que quando vamos crescendo, não nos acostumamos com a idéia de dizer adeus. Só nos ajustamos a ela. Está entre uma das coisas necessárias para se viver, para se entender. E por mais que eu já tenha dito isso inúmeras vezes, nunca me imaginei fazendo isso. Não com você.
Eu devia ter uns 5 anos quando perguntei ao meu pai, pela primeira vez, o que era amor. É que me confundia como os adultos viviam dizendo aquelas três palavras para as pessoas constantemente, mas não para todas. Como se fossem escolhidas a dedo.
Ele sempre teve um jeito único de explicar as coisas. Não foi diferente dessa vez.
Ele disse que amor é quando sua outra metade usa meias de pares diferentes e você acha adorável. Que amor é quando você lambe o yacult de dentro do pote e sua outra metade ri, tirando -o de seu nariz.Me disse que amor é quando duas flores se abrem, quando o céu se torna escuro e quando a chuva cai e as duas metades continuam inteiras. O amor naquele instante parecia se resumir em aceitar e confiar, e em ser honesto.
É engraçado como podemos nos esquecer de coisas que aconteceram ontem e não nos esquecermos de uma definição de anos atrás não é? Um momento que fica conosco para sempre. Esse foi o meu.
Lembra quando nos conhecemos? Você estava no parque brincando de pega-pega com sua priminha. Eu não sei se existe amor a primeira vista, mas no instante em que te vi, por alguma razão, eu lembrei daquela resposta que meu pai havia me dito tempos atrás.
Eu só sei que quando me dei conta nós estávamos conversando e eu tinha aquela vontade de que aquilo não acabasse e que continuássemos no banco falando sobre sua teoria em como sorvete era a comida dos deuses.
Eu posso dizer uma coisa com total certeza. Você era a única constante em minha vida.
Antes da paixão, antes dos beijos, você era minha melhor amiga. Aquela com quem eu me encontrava de noite no parque para ficar deitado na grama, olhando para o céu e conversando. Aquela com quem eu tinha guerras de água e com quem eu ria até a barriga doer.
Você se tornou 'aquele a mais' que minha vida precisava. Aquela cor para o meu branco e preto. Por mais bobo que isso soe.
Eu posso dizer outra coisa com total certeza. Você sempre segurou minha mão. Se eu consegui passar pelos problemas que passei, foi porque você segurou minha mão no caminho. Porque você me fez ver que nada é horrível o suficiente para tirar o sorriso do rosto e parar de tentar.
Me desculpe. Me desculpe por dizer 'para sempre' e não ter sido. Por não ter percebido que as vezes os planos que a vida tem para nós, é diferente do que os que nós temos. Por não ter ido ao hospital antes. Por não ter estado ao seu lado para escrever um final feliz para a nossa história.
Eu sei que você é forte. Eu sei que você não vai morrer com tudo isso. Mas eu também sei que isso não torna tudo menos dolorido.
Eu quero que você vá atras da sua própria história e a escreva com suas próprias palavras. Eu quero que você procure um final feliz. Eu quero que você se permita ser feliz e lembre de mim como uma parte da sua vida que passou. Eu quero que você continue tendo o brilho nos olhos que sempre teve e seja capaz de falar com eles como sempre foi. Eu quero que você viva sua vida o máximo e não se prenda por conta do que aconteceu comigo. Eu quero que você continue com a risada que só você sabe dar e com as piadas que só você sabe contar. Eu quero que você continue sendo a garota que conheci aquela tarde no parque.
Me disseram uma vez que não é importante necessariamente ser forte, mas se sentir forte. E se lhe é jogado um problema é porque você é capaz de supera-lo. Não é um defeito passar por algo que muitos nunca passaram por. É uma força. E faz de você quem você é.
Você pode ser tudo. Eu acredito nisso, porque eu acredito em você.
Siga em frente amor. Se você esta lendo isso, é porque já esta na hora.

PS: Eu Te Amo.