quarta-feira, 12 de agosto de 2009

De alguém confuso, para alguém mais confuso.

C. ,
Essa é a minha tentativa. Uma tentativa sem sentido e um pouco estranha e talvez, ao final, até mesmo inútil. Mas desde pequena você conhece a palavra tentar, e por mais que algumas vezes nos decepcione, não faz com que paremos, e desistamos. Essa sou eu, não desistindo. Essa é você, não desistindo.
Eu sou provavelmente a pessoa que mais te conhece e que menos te conhece, ao mesmo tempo. Isso não precisa mudar. Não agora.
Coisas acontecem, coisas que você nunca esperou que acontecessem, e geralmente enquanto acontecem, por mais que você mantenha a cabeça erguida, você se perde. E tenta entender o porque de ter acontecido. No final, você não encontra uma resposta, e acaba deixando para lá, porque de repente passou, e você se sente bem em ter passado por aquilo sem se deixar cair.
Você já devia saber, que para tudo se tem uma resposta.
Lembra quando você tinha 5 anos, e numa noite escura, os relâmpagos e raios te deixaram assustada?Que você e sua irmã ficaram abraçadas esperando passar? Você lembra o que seu pai te disse? Ele disse que era Deus tirando fotos de nós, porque havia alguma coisa, algum momento, tão especial, que ele mandou a chuva, como uma forma de poder fotografar e guardar aquele momento. E que os relâmpagos, eram os flashes. Congelando àquelas horas, aquele minuto.
Eu sei que não faz sentido dizer isso de repente, mas o que eu quero dizer, é que chove. E que vai sempre chover. E entre as gotas, sempre haverá aquele raio que a deixara assustada, mas estará la, porque é a forma de guardar aquele momento. De aprender.
(Talvez seja esse o porque de você ser apaixonada pela chuva desde pequena) O meu ponto é, que você não deve deixar esses raios te impedirem de ir até a chuva. E de sentir as gotas. Por mais arriscado que seja. Porque existem coisas que não mudam. Os raios sempre vão existir entre uma tempestade.
Você sabe o porque de lhe dizer isso, não é segredo. Você não pode deixar o final de uma história interferir no final de outra história. O tempo veio, trouxe algumas mágoas e passou. É nisso que eu quero chegar: passou.
Você não pode deixar de acreditar em algo, por conta de algo que aconteceu. Por conta de algo que já passou. Não é certo. Não faz bem.
Eu não quero dizer que você deva voltar a acreditar agora, muito menos como antes. Mas histórias têm morais, certo? Foi isso que você viveu em cada fim, de cada história. Uma moral. Eu sei que foi tudo ao mesmo tempo. Um atrás do outro, como se fosse para tirar essa idéia da sua cabeça. De que nem toda história tem um final feliz.
Você só precisa se lembrar de uma coisa que sua mãe lhe disse uma vez, por mais clichê que aparente ser: Se as coisas não acabam bem, é porque ainda não acabaram. Porque ainda não é o fim. Não importa quantas histórias você viva até chegar nesse final.
Você tem medos. Isso é normal. E você precisa aceitar o fato de que você se assusta, e de que de vez em quando, essa sensação vai voltar, algumas vezes mais forte, outras mais fraca.
E que vai sim, valer a pena no final. É como...é como a primeira vez em que você cantou num karaokê. 7 anos, e adorando a sensação de segurar aquele microfone apesar de não ter noção do que estava fazendo(era estranho cantar algo que não fosse Sandy e Junior). A questão é que depois daqueles três minutos e com aquela nota 57, depois de correr até seu pai com aquele sorriso no rosto, orgulhosa do que tinha feito, você descobriu uma paixão por algo que você não sabia existir. O nervosismo foi embora, e no lugar veio a vontade de fazer aquilo para sempre. No final, não ter idéia não contou em nada, porque o único momento que você se lembraria para sempre, seria a sensação de segurar aquele microfone, e a memória, quase 10 anos mais tarde, daquele karaokê, quando você estivesse no palco.
Vale a pena, C. A dor, a raiva, a angustia, tudo. Porque como na música, que você ama colocar no repeat, quando você tiver 80 anos, desejara repetir esses momentos, ou ao lembrar, poder dizer ‘Isso é quem eu era. Quem eu sou.’
Essa carta, sou eu não desistindo.
É você não desistindo, C.
C.

ps: "It's not about what happened in the past, or what you think might happen in the future. It's about the ride, for Christ's sake. There is no point in going through all this crap, if your are not going to enjoy the ride. And you know what... when you least expect something great might come along. Something better then you even planned for."

Um comentário:

M. disse...

So.. here's the thing.. I can only think of the climb right now.. And funny or not, the climb fits perfectly to the moment.

you will never, never, never, ever, ever, ever, ever, ever. EVER give up.