quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Eu aprendi a não gostar do meio. Mesmo que seja absurdo, considerando que, em tudo o que eu faço ou tento me decidir, geralmente, eu termino no meio. O meio é complicado. O meio é mais complicado que a certeza ou a completa total falta dela, porque o meio é indefinido. O meio é o ponto no qual você se encontra parado, na metade de uma curva com dois destinos. E você não faz idéia de como sair dela. Ou nem mesmo se existe uma forma de sair, sem ter que escolher um caminho. O meio é a falta de respostas, e a forma como elas, ao mesmo tempo, parecem não acabar. O meio se torna o acumulo de palavras que você não deixa sair de sua boca.
Mais importante, você odeia o meio por estar nele; Por ser parte dele. Você odeia o meio pelo fato de que, em algum momento, você terá que escolher um ponto. Não os dois. Um.
Quando você tem duas estradas, tudo o que você pensa, é em como pode sempre fazer o retorno. Em como você pode colocar o resto de lado e não virar a direção só para um lugar. Você pensa em como é possível voltar quando for necessário para pegar a outra estrada. Você faz isso para não precisar escolher. Para, ao olhar ambas as estradas, que elas continuem onde estão, pois você sabe, e a sua direção sabe, e as estradas que continuam lá tem em sua terra as marcas, toda vez que você passa por elas, que você passará, mais uma vez.
Em certo momento, começa a ficar cansativo. Fazer a mesma rota, virar a direção, e seguir para a outra. Mas não é como se fizesse diferença para as estradas. Elas continuam lá, com suas antigas marcas de pneu, esperando por novas. E você passa mais uma vez, e mais uma vez e, por mais que deseje parar, não para. E então alguém lhe diz em como não é assim tão complicado, e que não existe problema algum em seguir nas duas estradas. Elas precisam das marcas. Mas, e quanto a sua gasolina? E quanto ao fato de que, em algum momento, você quer parar ou precisa parar? E quanto ao fato de que você segue essa estrada porque ela precisa das marcas e não porque você acha certo? E quanto ao fato de que você não gosta de continuar passando por esse mesmo caminho? E quanto ao fato de que, no final, não faz diferença nenhuma para a estrada em qual você está, porque elas ainda desejam aquelas marcas específicas de pneu na estrada delas, não importa por onde você precise passar para que chegue até elas? E quanto ao fato de, só de pensar em parar, você já se sinta culpada? Ou fazendo drama? Afinal, o que é mais uma volta? Ou duas? Ou dez?
Torna-se simples para a estrada, quando tudo o que ela espera são as marcas. E quando é necessário limpa-las, você fica encarregada das duas. É o único momento em que desce do carro só para, mais tarde, ligá-lo e começar aquela rota, aquele meio, mais uma vez.
Mas todo meio precisa de uma rota completa. Todo meio precisa de um ponto. E, uma hora ou outra, você tem que seguir uma, e se manter na metade não se torna mais uma opção.

Um comentário:

M. disse...

as vezes nós achamos que estamos no meio, mas na verdade, já escolhemos nossa estrada a muito tempo..