terça-feira, 19 de maio de 2009

Era tão branco. Tão limpo. Tão sem vida.
Num lugar que fazia do impossível possível, e que criava a sensação de esperança e medo 24 horas por dia não seria o certo sentir conforto? Pelo menos uma última vez? Poder olhar a sua volta e ter vontade de lutar?
As vozes não paravam se sussurrar " A verdade é que quando você olhar a sua volta, não são paredes que você deseja ver. Não é branco. Não são máquinas. São rostos. E a certeza de que lutar vai valer a pena afinal."
Eram aparelhos em todos os lugares. Eram pacientes sendo levados em frente a sua sala de um lado para o outro. Eram emergências, eram pessoas correndo, pessoas chorando, gritando.
E a única coisa em que conseguia pensar era "Eu ainda tenho tanto a dizer. Tanto." E a partir daí todas as luzes se apagaram e ficou escuro.
. . .
Não era para terminar assim. Não era para você assistir a tentativa de darem a ela uma segunda chance. Você não deveria estar implorando que dessem a ela uma segunda chance. Você não deveria estar chorando, encostado na parede, imóvel.
Você não deveria estar olhando a sua volta vendo o desespero, as tentativas, nada.
Você não deveria ouvir as vozes te sussurrando o medo que você sente, e a vontade de sumir, de ficar pequeno, invisível.
Você tinha planos. Vocês, tinham planos. E olhando para ela agora, só uma coisa passava pela sua mente "Eu ainda tenho tanto a te dizer."
. . .
Ele havia tirado alguém da frente de um ônibus. Ele havia salvado alguém.
Ele estava indo visitar a mãe, ele estava indo dizer adeus. E ele agora estava naquela mesa, sendo operado, e tentando lutar para sobreviver. Para ter a chance de dizer adeus.
Ele sempre esteve lá. Ele foi o melhor amigo, ele foi o segredo, ele foi aquele que sempre segurou a mão de todos e os ajudou a levantar. E agora, ela estava segurando a mão dele. Pedindo para que esse não fosse o fim. Que o final não fosse esse. Não o dele.
"Você não vai a lugar algum". Todos naquela sala repetiam isso minuto a minuto, como se estivessem dizendo que ainda havia chance, que ele podia continuar tentando.
Ele sempre esteve lá. E agora, segurando sua mão, ela só conseguia pensar em uma coisa:
"Eu deixei de dizer tanta coisa."
. . .
"Did you say it? I love you. I don't ever want to live without you. You changed my life. Did you say it? Make a plan, set a goal, work for it. But every now and then look around. Drink it in. Cause...This is it. It might all be gone tomorrow."

Música: Off I Go - Greg Laswell

Um comentário:

Jeh/JK disse...

Que triste ;-;
É horrível essa sensação de que alguém partiu e você não se despediu dela... ainda mais nesse caso, tão de repente :(

Obrigada pelo comment no meu blog ^^