quinta-feira, 23 de julho de 2009

Mille

- É ela pai. Vai chamar Mille, igual a chiquititas.
22 de Abril de 2000.
Uma caixa de papelão. Um mini cobertor. E 3 noites de leve choro por sentir saudades da Mãe. Quando você sentava em perna de índio, ela subia em você e se acomodava lá. Até que ficou grande demais e não havia mais como.
Sempre com a língua para fora. Era o símbolo dela. Aquela coisa que a fazia ser diferente e que você não encontrava em nenhum outro lugar.
Uma vez nós achamos que a tinhamos perdido até que vimos o monte de roupa suja se mexer. Estava frio aquele dia.
Eu acordava todo dia com alguma coisa me cutucando embaixo da cama e quando via, era ela. Pulava a janela da porta da cozinha e sempre ia para o meu quarto.
As vezes, no começo, quando ela latia, eu e minha irmã saimos correndo dela e subiamos no sofá. Iamos até o quintal e a passavamos para o nosso quarto pela janela, assim podiamos brincar sem que meus pais percebessem.
Quando nós somos pequenos, sempre queremos um. Afinal, não é a toa que dizem que são o melhor amigo do homem.
Era previsto. Ela ja estava velha. Não importa. Foram 9 anos comigo, e fosse ou não um cachorro, era minha e esteve sempre do meu lado. Se tornou parte das coisas que aconteceram comigo e dos momentos que eu vivi. E vai parecer bobo, eu não me incomodo, mas ainda parece que vou ver ela descer as escadas do jeito que só ela descia, com a língua para fora e pronta para brincar. Mas ai eu lembro do telefonema.
" Ela não estava mais conseguindo levantar.."
É só uma questão de costume. Eu acho. De qualquer forma, eu fui busca-la...queria ter tido a chance, o tempo de ser aquela a também leva-la.

Um comentário:

M. disse...

os melhores amigos do homem sempre parecem ir embora cedo demais.. mas chega a hora deles irem.
E sim, você vai sempre ve-la por todos os cantos. é inevitável..